MENU

Não Remova

Não Remova

Não Remova

Não Remova

Não Remova

6/30/2021

A Cosmologia na Renascença

Por Katson Wendell, Alexandre Montalvão e Priscila Souza


Hoje continuaremos a discussão sobre Gravitação, desta vez abordando a Cosmologia na Renascença, até antes do desenvolvimento das Leis de Kepler. Nas próximas duas postagens finalizaremos o tema com as Leis de Kepler e a Lei da Gravitação Universal de Newton.

A Renascença descreve o período da história europeia que vai do início do século XIV até o final do século XVI. O termo “renascença” se originou da palavra italiana “rinascita”, que literalmente significa “renascer”, e descreve as mudanças radicais que ocorreram na cultura europeia durante estes séculos. É nesta época que vemos o desaparecimento da Idade Média e, pela primeira vez, a incorporação à sociedade dos valores do mundo moderno. Neste período vemos a exploração do globo terrestre com as grandes navegações feitas por portugueses e espanhóis. Vemos também um incrível desenvolvimento da expressão artística, com Leonardo da Vinci (1452-1519), Rafael Sanzio (1483-1520), Ticiano Vecellio (1490?- 1576), Michelangelo di Lodovico Buonarroti Simoni (1475-1564) e também das ciências com Nicolau Copérnico (1473-1543), Tycho Brahe (1546-1601), Johannes Kepler (1571-1630) e Galileu Galilei (1564-1642). 

Nicolau Copérnico (1473-1543):

Copérnico começou então a imaginar se o modelo de Ptolomeu poderia estar realmente

correto. Seus estudos revelaram que na antiguidade, entre os gregos, havia teorias rivais sobre os cosmos - incluindo até mesmo aquela de Aristarco de Samos (310-230 a.C.) que declarava que a Terra se movia em torno do Sol. Ele ficou intrigado com a noção de um sistema planetário heliocêntrico, ou seja, centrado no Sol. Testando essa ideia com suas próprias observações notando que ela concordava com as evidências observacionais de um modo muito mais simples do que a solução de Ptolomeu. Assim, para fugir dos problemas apresentados pelo modelo de Ptolomeu, Copérnico desenvolveu um modelo heliocêntrico do Sistema Solar. Ao contrário do que é comumente afirmado, Copérnico não tinha observações novas e muito mais precisas que exigissem o abandono da velha teoria de Ptolomeu. Foi a atração por uma maior harmonia matemática que o fez procurar algo diferente de Ptolomeu. Na opinião de Copérnico, quando Ptolomeu introduziu o movimento em torno do ponto equante em sua teoria, ele violou o princípio de que os corpos celestes deveriam se mover segundo um movimento circular uniforme. Além disso, na teoria heliocêntrica desenvolvida por Copérnico vários fenômenos observados ocorriam (quase) naturalmente, ao contrário do que acontecia na teoria de Ptolomeu onde esses fenômenos sempre precisavam ser ajustados. O modelo heliocêntrico de Copérnico mantinha a noção de movimento circular perfeito, mas colocava o Sol no centro, além de estabelecer a ordem correta dos planetas a partir do Sol.

O modelo proposto por Copérnico, um grande tratado matemático, ficou pronto em 1530, mas só foi publicado em 1543, ano de sua morte, em um livro chamado De Revolutionibus Orbium Coelestium (“Sobre as Revoluções das Esferas Celestes”). O ajuste não era ainda perfeito porque Copérnico ainda supunha que os planetas se moviam em órbitas circulares - um erro que seria futuramente corrigido por Johannes Kepler (1571-1630). Entre os pontos que Copérnico propôs em seu livro “De Revolutionibus Orbium Coelestium” estão:

  • O Sol é o centro do Sistema Solar.
  • A Terra e os planetas descrevem órbitas circulares em torno do Sol.
  • O dia e a noite resulta da rotação da Terra em torno de seu eixo.
  • Mercúrio e Vênus estão mais próximos ao Sol do que a Terra.
  • Somente três movimentos da Terra são necessários:
  • Rotação diária em torno de seu eixo.
  • Revolução anual em torno do Sol.
  • Oscilação ou libração da Terra em torno do seu eixo, explicando a precessão dos equinócios.

Copérnico coloca os planetas visíveis a olho nu na sequência correta a partir do Sol, ou seja, Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno. Em 1616 o trabalho de Copérnico “De Revolutionibus” foi banido pela Igreja Católica como heresia. 

Thomas Digges (1543-1595):

Thomas Digges acreditava que a teoria heliocêntrica de Copérnico estava certa. Baseado nisso ele reconheceu que essa esfera de estrelas não era logicamente necessária em um universo onde a Terra tinha um movimento de rotação. Ele então preferiu remover a borda externa do modelo e dispersou as estrelas fixas por todo o espaço não limitado. No entanto, Digges está o tempo todo dominado pela concepção religiosa de um “céu” situado no espaço.

Giordano Bruno (1548-1600):

Giordano Bruno nasceu em Nola, perto de Nápoles, Itália. Ele tornou-se religioso dominicano e estudou a filosofia aristotélica. Atraído pelo pensamento não ortodoxo, Giordano Bruno logo teve que deixar Nápoles, em 1576, e Roma, em 1577, para escapar da Inquisição, indo para a França, onde viveu até 1583. Depois se mudou para Londres onde permaneceu até 1585. Bruno estava vivendo em Londres quando conheceu o livro de Thomas Digges, adotando prontamente as ideias ali contidas, ou seja, a de um Universo sem contorno, e voltou sua atenção para a conclusão lógica, previamente mostrada por Nicholas de Cusa, de que o Universo também não possui centro.

Giordano Bruno procurou desenvolver os ensinamentos de Copérnico de uma maneira filosófica, sendo sua maior contribuição divulgar, com veemência, essas ideias. Ele foi um forte crítico das doutrinas de Aristóteles e Ptolomeu tornando-se um dos grandes defensores das teorias de Demócrito de Abdera (460-370 a.C.) e Epicuro de Samos (341-270 a.C.), rejeitando os ensinamentos de Aristóteles de Estagira (384-322 a.C.) que diziam que o Universo era finito, além de criticar a ideia de que havia um centro absolutamente determinado no Universo, devendo, por isso, ser considerado o principal representante da doutrina do Universo descentralizado, infinito e infinitamente povoado. Ele não só a apregoou em toda a Europa Ocidental com o fervor de um evangelista como foi o primeiro a formular sistematicamente as razões pelas quais ela, mais tarde, foi aceita pela opinião pública.

Tycho Brahe (1546-1601):

Também chamado Tyge Brahe, este astrônomo dinamarquês, descendente de família nobre, é lembrado principalmente por suas meticulosas observações, feitas com instrumentos que ele mesmo desenhou antes do advento do telescópio. Tycho Brahe observou uma supernova em 1572 tendo publicado um livro sobre este fenômeno em 1573, com o nome “De Nova Stella”, onde mostrava suas observações e concluía que as próprias estrelas podiam mudar. As medições dos brilhos da supernova que ele obteve mostraram, claramente, que ela era um objeto variável. Brahe hesitou muito em escrever este livro porque, naquela época, era considerado impróprio um nobre escrever livros.

Tycho Brahe foi talvez o maior observador de todos os tempos. Ele desenvolveu novos instrumentos e novas técnicas para realizar observações. Kepler usou as observações de Tycho Brahe para deduzir as suas leis das órbitas planetárias. Foi a precisão das observações de Brahe que permitiram que Kepler determinasse corretamente que as órbitas dos planetas são elipses com o Sol em um dos focos. As medições das posições planetárias feitas por Tycho Brahe estavam em desacordo com o modelo de Ptolomeu. Baseado nisto Brahe, que já era conhecido em toda a Europa, desenvolveu o seu próprio modelo do Sistema Solar no qual o Sol e a Lua estavam em órbita em torno da Terra, mas os planetas restantes estavam em órbita em torno do Sol. Na verdade o modelo de Tycho Brahe era uma modificação geocêntrica do modelo de Copérnico. Seu sistema era inteiramente equivalente ao sistema de Copérnico, no sentido de que os movimentos relativos de todos os corpos celestes (exceto as estrelas) são os mesmos nos dois sistemas. Embora a cosmologia de Tycho Brahe tenha sido logo esquecida, sua grande reputação atual resulta do fato dele ter fornecido as bases observacionais que permitiram Kepler desenvolver a sua pesquisa.


E é isso aí, pessoal. Na próxima postagem continuaremos a discussão sobre Gravitação, desta vez abordando as Leis de Kepler. Nos vemos lá.


Referências

[1] Nussenzveig M.; Curso de Física Básica, vol. 1, 4ª Edição, pág. 324. Editora: EDGARD BLÜCHER LTDA. São Paulo, SP, 2002.

Nenhum comentário:

Postar um comentário